Gênero textual
Gêneros textuais: Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles orais ou escritos, textos de qualquer natureza, literários ou não literários. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das variadas formas de linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser identificado e diferenciado dos demais através de suas características. Exemplos:
Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum.
Propaganda: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há o intuito de propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade do mesmo.
Bula de remédio: é um gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações necessárias para o correto uso do medicamento.
Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga corretamente as instruções.
Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, como fazer algo.
Editorial: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da objetividade.
Notícia: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido que se deu em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo determinadas personagens. Características do lugar, bem como dos personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos.
Reportagem: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara, com linguagem direta.
Entrevista: é um gênero textual fundamentalmente dialogal, representado pela conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado, ou de algum outro assunto. Geralmente envolve também aspectos dissertativo-expositivos, especialmente quando se trata de entrevista a imprensa ou entrevista jornalística. Mas pode também envolver aspectosnarrativos, como na entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, como na entrevista médica.
História em quadrinhos: é um gênero narrativo que consiste em enredos contados em pequenos quadros através de diálogos diretos entre seus personagens, gerando uma espécie de conversação.
Charge: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica, através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande maioria.
Poema: trabalho elaborado e estruturado
Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emoções por meio de uma linguagem , ou seja, tudo o que toca e comove pode ser considerado como poético (até mesmo uma peça ou um filme podem ser assim considerados). Um subgênero é a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal.
Gêneros Literários:
Gênero Narrativo:
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Porém, praticamente todas as obras narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem responder a questionamentos, como: quem? o que? quando? onde? por quê? Vejamos a seguir:
Épico: os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisséia, de Homero.
Romance: é um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidos e de caráter mais verossímil. Também conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos obstáculos que o separam, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. Ex: Tristão e Isolda.
Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.
Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com a publicação de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual conto surgiram na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da realidade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de um mistério.
Fábula: é um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais são não humanos e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e programas da TV..
Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alternância entre os momentos narrativos e manifestos descritivos.
Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago e Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
Gênero Dramático:
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens nas cenas.
Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Farsa: é uma pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que critica a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino ridendo castigat mores (rindo, castigam-se os costumes). A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos grosseiros, como o absurdo, as incongruências, os equívocos, os enganos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas.
Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas populares.
Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da sociedade e da realidade vivida por este povo.
Gênero Lírico:
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.
Elegia: é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e yufa, de william shakespeare.
Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento musical;
Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara);
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico.
Acalanto: ou canção de ninar;
Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase;
Balada: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se destinam à dança;
Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com acompanhamento musical;
Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio;
Haicai: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). É o poema japonês formado de três versos que somam 17 sílabas assim distribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 sílabas; 3° verso 5 sílabas;
Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d.
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.
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Refere-se á forma como um determinado texto é abordado, quanto ao propósito com o qual foi escrito dentro de uma sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). E se apresentam nas seguintes formas: narração, descrição, dissertação, injunção e informação.
A. Narração
Refere-se ao texto em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc.
B. Descrição
Refere-se ao texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. Sendo a classe de palavras mais utilizada nessa produção o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa "criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se refere. É um tipo textual que se agrega facilmente aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc.
C. Dissertação
Refere-se ao texto em que se desenvolve ou explica um assunto, discorre sobre ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo.
C1. Dissertação Expositiva
Refere-se ao texto em que se apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. O texto expositivo apenas expõe ideias sobre um determinado assunto. A intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, textos expositivos de revistas e jornais, etc.
C2. Dissertação Argumentativa
No texto dissertativo argumentativo faz-se a defesa de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias. Geralmente utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante em: sermão, ensaio, resenha crítica, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais e revistas.
D. Injunção/Instrucional
Texto que indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de orientação (ex: recomendações de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, etc.).
OBS: Os tipos listados acima são um consenso entre os gramáticos. Muitos consideram também que o tipo Predição possui características suficientes para ser definido como tipo textual, e alguns outros possuem o mesmo entendimento para o tipo Dialogal.
E. Predição
Texto que caracteriza-se por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológicas/apocalípticas.
F. Dialogal / Conversacional
Texto que caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, etc.
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COERÊNCIA TEXTUAL
Coerência textual: refere-se à lógica interna de um texto, ou seja, o assunto abordado tem que se manter intacto, sem que haja distorções, facilitando, assim, o entendimento da mensagem.
Imaginemos um texto sobrecarregado de palavras que se repetem do início ao fim. Para evitarmos que isso aconteça, existem termos que substituem a ideia apresentada, evitando, assim, a repetição. Estamos falando das conjunções, dos pronomes, dos advérbios e outros. Vejamos o exemplo:
A magia das palavras é enorme, pois elas expressam a força do pensamento. As mesmas têm o poder de transformar e de conscientizar.
Percebemos que as expressões: elas e as mesmas referem-se ao termo - “palavras”.
A coerência é melhor entendida, quando compreendemos os seus três princípios básicos:
Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.
Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste na repetição de alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma informação, mas quando há repetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem completa, então ele será incoerente.
Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. Portanto, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, trazendo incoerência ao texto.
São também conceitos importantes para a construção da coerência textual: CONTINUIDADE TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA.
Ocorre quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre uma e outras partes do texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao leitor.
Já a quebra da progressão semântica ocorre quando não há a introdução de novas informações para sequenciar um todo significativo (texto). A sensação do leitor é que o texto é demasiadamente prolixo, e que não chega ao ponto que interessa, ao objetivo final da mensagem.
Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a mensagem pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso.
Concluímos, que a coerência, por sua vez, é a relação lógica entre as ideias, fazendo com que umas complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o texto.
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COESÃO TEXTUAL
Coesão textual: redere-se aos dispositivos linguísticos que propiciam uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos, etc. Estamos nos reportando acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem. Um referido texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. Vejamos o exemplo abaixo:
"As calçadas estão molhadas porque não choveu"
Existem elementos coesivos na frase acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto de vista da coesão, a frase não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz a frase, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente.
Resumindo, podemos dizer que a coesão é referente a conexão harmoniosa entre as partes do texto, do parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um dê sequência lógica ao outro. Dentre os elementos, que dão garantias a coesão de um texto, temos:
Os conectores (elementos que fazem a coesão interfrásica): São elementos coesivos, que estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos.
As substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra).
As referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns destes termos só podem ser compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora.
A correlação dos verbos (coesão temporal e aspectual): consiste na correta utilização dos tempos verbais. ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que irá permitir a compreensão da sequência dos mesmos.
Portanto, são os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes, bem como a sequenciação das ideias.
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Fábula, Parábola e Apólogo
Os textos, em sua grande maioria, surgem na oralidade, pois a fala é anterior à escrita, e esta é essencialmente a materialização daquela, sendo ambas expressões do pensamento.
Entre os povos que não se utilizam da escrita, a figura do mais velho como portador de sabedoria é bastante comum e, curiosamente, este sábio não costuma discorrer sobre assuntos filosóficos ao ser consultado, pelo contrário, o respeito que adquire entre os seus reside justamente no fato de ser capaz de transmitir um ensinamento profundo por meio de histórias simples, fáceis de memorizar e de serem compreendidas. É por esse motivo que muitas delas servem para educar crianças nas mais diferentes culturas, transmitindo os valores de cada sociedade e apresentando maneiras de se comportar e de entender a vida nas mais diversas situações e adversidades próprias à existência humana.
Personalidades como o grego Esopo (VI a.C.) e o francês La Fontaine (XVII d.C.) destacaram-se por suas fábulas e apólogos, utilizados, inclusive, para educar futuros reis. No universo das religiões, destaca-se outro tipo de história, simples no que concerne às personagens e enredo, porém algumas vezes complexas quanto ao entendimento, demandando reflexão ou explicação: trata-se das parábolas. Há famosas parábolas cristãs, muçulmanas, hinduístas, budistas e taoístas.
Quando textos como esses são propostos em vestibulares, prioriza-se a capacidade do candidato de expressar-se por escrito de modo a demonstrar que é capaz de interpretar o conteúdo de uma fábula, apólogo ou parábola, ou produzir uma fábula, por exemplo, evidenciando sua compreensão não somente acerca da função desse tipo de texto, bem como de sua estrutura.
Tanto na fábula e no apólogo como na parábola, utiliza-se o recurso da alegoria, palavra de étimo grego que poderia ser traduzida como “dizer de outra forma”; ou seja, as personagens, situações e objetos, nessas histórias, representam tipos de personalidade, sentimentos e ideias. Por meio delas, pode-se afirmar que as abstrações do pensamento ganham cor e forma.
Para entendê-las melhor, deve-se atentar às características que as individualizam.
FÁBULA
Na fábula expressa-se uma lição moral. Nela geralmente estão presentes mais de dois ou três personagens, principalmente animais personificados, cujas características associam-se a tipos de personalidade. O enredo é bastante curto e desenvolve-se em torno de um conflito. Não costuma haver descrições além do essencial para contextualizar o leitor, e nem preocupação em se precisar tempo e espaço. O principal conteúdo costuma ser expresso nas falas das personagens, escritas geralmente por meio de discurso direto (ver unidade XXIV). Há, no entanto, fábulas em que não são apresentadas falas, concentrando-se o conteúdo no mero comportamento dos personagens diante da situação de conflito. É comum, porém não obrigatório, destacar-se uma “moral” após o desfecho. Em fábulas modernas, escritas em prosa (em parágrafos), existe uma certa tendência à exploração do humor. Antigamente as fábulas eram escritas em versos.
ASNO E O CAVALO
Um asno dizia a um cavalo:
- Tu que és feliz! Cuidam de ti direitinho, te dão alimento em abundância. Quanto a mim, nem mesmo capim eu tenho e inúmeros são meus sofrimentos.
No entanto, quando veio à guerra, um cavaleiro pegou o cavalo, montou e partiu. Corria de um lado para outro, lançava-se nos combates mais encarniçados. O cavalo, exausto, terminou morrendo. Incontinente, o asno mudou de opinião, lamentando o destino do cavalo.
MORAL: Não invejes nem os ricos nem os poderosos. Pensa nos invejosos que os ameaçam e aprende a gostar de tua modesta fortuna.
Esopo
https://www.fabulas2000.kit.net/pesquisa/pag_1073161_013.html
A VIÚVA
Quando a amiga lhe apresentou o garotinho lindo dizendo que era seu filho mais novo, ela não pôde resistir e exclamou: “Mas como, seu marido não morreu há cinco anos?" "Sim, é verdade" — respondeu então a outra, cheia daquela compreensão, sabedoria e calor que fazem os seres humanos — "mas eu não".
MORAL: Não morre a passarada quando morre um pássaro.
A seguir propõem-se alguns ensinamentos morais ilustrados por fábulas de Esopo e Millôr Fernandes. Sugere-se que, para praticar, procure-se criar uma nova fábula para exemplificar essas afirmações.
"Nenhum gesto de amizade, por muito insignificante que seja, é desperdiçado."
"Os hábeis oradores, com astúcia e prudência, sabem converter em elogios os insultos recebidos dos amigos."
“Viver é desenhar sem borracha”
“Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem”
APÓLOGO
Apólogo - Refere-se a uma "Fábula" em que os personagens são seres inanimados, objetos ou até partes do corpo humano. Do apólogo também depreende-se uma moral.
O PREGO E O MARTELO
Um prego e um martelo jaziam lado a lado, acerca de uns cem metros de uma hidrelétrica em construção.
Quase ao mesmo tempo, perceberam uma inscrição nítida e tosca numa parede, que dizia: “Quando Você for martelo, não se esqueça de que já foi prego!...”
O Martelo leu, não disse nada e continuou em sua inércia. O prego, no entanto, deu a maior importância à mensagem e principiou a refletir na dura missão dele, prego, que implantado a duras marteladas bem aplicadas em sua cabeça, penetraria lenta e sofridamente no madeiramento até desaparecer quase por completo, quando então ficaria sustentando toda uma armação pesadíssima de caibros e tábuas, no mais completo anonimato.
E ai dele se apresentasse qualquer folga, por mínima que fosse, porque prontamente alguém perceberia e novas e contundentes marteladas o recolocariam no seu humilde e devido lugar.
- Ah! Martelo - disse o Prego, depois de relatar seu pensamento - não queira nunca ser prego.
O Martelo refletiu por dois segundos e respondeu:
- Meu amigo, não pense que eu já nasci martelo. Não meu caro, eu já fui minério como você foi, passei por uma fundição, fui um valoroso prego na construção da usina de Tucuruí, sustentei orgulhosamente as tábuas que escoraram trechos das barragens de cimento e aço, depois fui rejeito, quase lixo, fui colhido e levado para Brasília onde fixei tábuas de barracos de úteis candangos (pregos humanos); tempos depois, virei lixo mesmo e fui catado por catadores de lixo, selecionado e remetido a uma fundição de reciclagem, quando então, junto com outros pregos, virei uma massa amorfa e posteriormente tomei a forma atual de martelo.
Sou martelo, mas sei que formamos um par na lida; par sumamente importante e indissolúvel, pois todo trabalho é digno, toda função é importante, ninguém entre nós atua ou é útil sem o outro.
De que vale o prego sem o martelo? Qual é a utilidade do martelo sem o prego?
Assim também, nós, seres humanos, deveríamos sempre refletir na interdependência que existe entre nós e no quão importante é que saibamos ver a importância de nosso próximo e a nossa própria, sem a exagerarmos ou desmerecermos uma ou outra sem razão.
A escada por onde se sobe é a mesma por onde se desce.
Read more: Diálogos Possíveis: o Prego e o Martelo | Blog Brasil Acadêmico https://blog.brasilacademico.com/2009/06/dialogos-possiveis-o-prego-e-o-martelo.html#
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PARÁBOLA
Parábola - Refere-se ao texto onde os personagens são seres humanos ou ideias apresentadas como pessoas. É uma alegoria escrita em forma de narração. Sua finalidade seria a de ilustrar verdades e sintetizar ensinamentos. Não raramente, além dos personagens, alguns objetos e mesmo elementos da paisagem representam outras ideias e seres. As parábolas costumam ser mais elaboradas do que as fábulas e apólogos, uma vez que sua alegoria é mais ricamente trabalhada. As parábolas bíblicas, como a mostrada a seguir, estão escritas originalmente em versos (versículos) e são sucintas, entretanto nada impede que haja parábolas escritas em prosa, muito mais extensas e enriquecidas com detalhes e descrições.
A Parábola do Semeador
Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
(Mateus, XIII, 3 a 9).
Significados desta parábola:
Semente: a palavra de Deus (ensinamentos de Suas leis).
Semeador: aquele que ensina as leis de Deus.
Semear: pregar a palavra de Deus.
Beira da estrada (pé do caminho): “corações” preocupados com a saciedade dos instintos e paixões.
Aves: instintos e paixões.
Pedras (pedregais): “corações” endurecidos, impiedosos.
Espinhos: as situações do cotidiano, da rotina, dos afazeres destinados à manutenção da vida material.
Boa terra: “corações simples” abertos ao entendimento dos ensinamentos de Deus.
Frutos: obras resultantes das pessoas que entenderam os ensinamentos e passaram a agir segundo eles.
Cem, sessenta, trinta: alusão ao que cada “convertido” passou a produzir segundo as próprias possibilidades.
“O tipo de semente que queremos ser ou somos, depende de como ouvimos, enxergamos e praticamos os ensinamentos de DEUS.” CS.
O Asno, a Raposa, e o Leão
O Asno e a Raposa fizeram um acordo, onde um protegeria o outro dos perigos.
Pacto firmado, e assim entraram na floresta em busca de alimento. Não foram muito longe e logo encontraram em seu caminho um Leão.
A Raposa, vendo o perigo iminente, aproximou-se do Leão e lhe propôs um acordo.
Combinou que o ajudaria a capturar o Asno, desde que lhe desse a sua palavra de honra, de que ela não seria molestada.
Diante da promessa do Leão, a Raposa atrai o Asno à uma gruta, e dizendo que ali ele estará em segurança, o convence a entrar.
O Leão ao ver já garantido o Asno, por estar encurralado na gruta, deu um bote e agarrou a Raposa.
Mais tarde, quando estava com fome, voltou e atacou o Asno.
Autor: Esopo
Moral da História: Nunca confie em concorrentes que se dizem amigos.
A Verdadeira Amizade é Virtude Rara. Quem confia seu destino a outros, jamais será capaz de lograr felicidade para si.
As Árvores e o Machado
Um homem foi à floresta e pediu às árvores, para que estas lhe doassem um cabo para o seu machado novo.
O conselho das árvores, composto pelos Anciãos considerados sábios, então concorda com o seu pedido, e lhe ofertam uma jovem Árvore, para este fim.
E logo que o homem coloca o novo cabo no machado, começa furiosamente a usá-lo, e em pouco tempo, já havia derrubado com seus potentes golpes, as maiores e mais nobres árvores daquele bosque.
Um velho Carvalho, observando a destruição à sua volta, comenta desolado com um Cedro seu vizinho:
"O primeiro passo, este sim, significou a perdição de todas nós. Se tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, também teríamos preservado os nossos, e poderíamos ficar de pé, ainda por muitos anos."
Autor: Esopo
Moral da história: Quem menospreza ou trata com indiferença o seu semelhante, não deve se surpreender se um dia outros fizerem o mesmo consigo.
A Sabedoria começa com respeito Mútuo.
“O verdadeiro Sábio não apenas é capaz de aprender com os próprios erros, como também é capaz de requalificá-los, transformando-os em grandes acertos...”
VOCABULÁRIO
Depreender - v.t.d. Obter entendimento intelectual acerca de; perceber claramente alguma coisa; compreender: depreender um sentido metafórico.
v.t.d. e v.bit. Alcançar a resposta; chegar à compreensão ou à conclusão de; deduzir: ela depreendeu das circunstâncias que a filha poderia estar com problemas.
(Etm. do latim: deprehendere)
Sucinto - adj. Que se diz ou se escreve resumidamente, utilizando poucas palavras; conciso, lacônico: narração sucinta. Restrito ao necessário, de maneira breve. (Etm. do latim: succinctus)